terça-feira, 22 de abril de 2008

Prisões


Prisões federais, prisões estatais, prisões de condado. Prisões privadas. Pulseiras eletrônicas. Liberdade vigiada, liberdade condicional. No total, 6 milhões de pessoas sujeitas a controle penal, das quais um terço trancafiado na cadeia. A cada 45 pessoas livres, há uma que está para entrar na cadeia, que poderia estar na cadeia, que já está na cadeia. Números que, no mundo, não encontram concorrente.

terça-feira, 15 de abril de 2008

pessoas

Um em cada cinco prisioneiros está detido preventivamente. São 2400. Nunca foram julgados ou estão à espera da decisão do tribunal de recurso. É um número sem paralelo na Europa e que não é aceitável em qualquer democracia que se preze. Num país em que os juízes usam e abusam da prisão preventiva, que é uma medida excepcional de coacção que só deve ser usada em último recurso, não deixa de ser curioso ver meio mundo indignado porque foram libertados 115 presos com a entrada em vigor do novo Código Processo Penal, alguns deles condenados em primeira instância.

São criminosos, diz-nos a televisão de há três dias para cá. “É demasiado gravoso criminosos ficarem livres”, confirma António Cluny, presidente do sindicato dos magistrados judiciais, garantindo mesmo que há razão para alarme. Gravoso, e alarmante, é saber que existem processos que se arrastam indefinidamente e que, presumíveis criminosos ou não, milhares de detidos continuam sem direito a defender-se legalmente. Quanto à libertação de dezenas de presos cuja prisão preventiva prescreveu, há um bom remédio. A justiça começar a cumprir os prazos e deixar de se arrastar ad eternum, reclamando tempos de prisão preventiva que violam os mais elementares direitos humanos apenas para esconder a sua incompetência